O ano era 1987. Lá fora bandas como Helloween estava lançando "Keeper
of the Seven Keys Part 1", Manowar, o seu "Fighting the World", Black
Sabbath estreava o "novo" vocalista com "The Eternal Idol", entre muitas
outras facetas no mundo do Heavy Metal. Aqui na terra das "palmeiras
onde canta o sabiá" o movimento "Underground" há muito já estava
disseminado, e uma das pioneiras do Metal Tradicional acabara de lançar o
segundo álbum, 7 (sete), falo de Harppia, a banda que adicionou mais
qualidade à música pesada tupiniquim, mas que nunca teve o
reconhecimento que chegasse a altura de suas composições.
Dois anos após a chegada do EP "A Ferro e Fogo" (outro patrimônio
histórico do Metal Nacional), a banda capitaneada por Tibério Luthier
assina com a Rock Brigade Records para o lançamento oficial de "7
(sete)", mesmo assim o primeiro trabalho que havia saído pela gravadora
Baratos Afins, ainda hoje é o preferido para a maioria dos fãs. No
entanto este segundo "petardo" oferece uma técnica diferente tanto nos
solos e riffs como nas vocalizações, contribuições nítidas de seus
"novos" integrantes ao lado de Tibério.Logo na primeira faixa,
"Na Calada da Noite", já dá para perceber uma produção que encaixa
melhor os sons agudos e graves quanto ao vocal límpido de Percy Weiss.
Nesse álbum também há uma quantidade enorme de solos em cada canção que
impressiona. "Voz da Consciência", por exemplo, faz arrepiar até os
pelos da coluna vertebral logo na entrada.
Assim como "Salem (A cidade das Bruxas)" do primeiro disco, "Magia Negra" também traz um tema que explora o ocultismo.
Refere-se à agonia de um homem que luta para sair do domínio das forças
malignas para vencer na vida. Destaque para a cozinha afiada numa
cadência e marcação de baixo perfeitos.
Esse queridíssimo álbum
azul, ainda traz uma surpresa, a faixa "Balada" que quebra um pouco o
clima Metal da banda, mas que mostra outra competência dos músicos
também nesse campo. A música que dispensa o uso da bateria define um
clima muito propício para a letra emotiva. Grande execução!
Pouco
mais de dois minutos depois, o Metal retorna com todo vapor, "Guerras",
têm riffs que se associam muito ao movimento NWOBHM, e essa comparação
não é por acaso, pois a década de oitenta serviu de grande abrigo para
bandas desse estilo seja fora ou dentro da Inglaterra.
"AIDS" se
tornou mais um clássico do grupo, pode-se até dizer que essa é a
"Doctor, Doctor" do Harppia. Um rockão irado tocado com muita classe e
um refrão simples, mas que marcou toda uma geração de Headbangers
brasileiros.
Por fim, a faixa título chega com o aviso do
armagedon, onde o narrador interpreta a extinção do mundo através de
sete bestas que trarão dor e sofrimento aos povos. Essa faixa eleva mais
ainda a qualidade dos guitarristas que naquela época já faziam escola.
As dobras de solos e algumas passagens de teclados deixam um clima
empolgante e ao mesmo tempo "tenso", mas que define perfeitamente o
tema. Genial!
Após a gravação desse "documento", o guitarrista
Filippo Lippo saiu para seguir em outros projetos deixando a vaga para
uma classe infinita de grandes talentos. Hoje a banda deve seguir na
cena tendo à frente o incansável Tibério com uma formação totalmente
reformulada a dessa época.
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